terça-feira, novembro 30, 2004

Portugas em Erasmus

Seja pelo programa Erasmus na Europa, seja pelo programa de intercâmbio aqui no Brasil, a verdade é que futuros Engenheiros e Engenheiras do Instituto Superior Técnico estão para se formar, todos nós estamos a ter uma experiência única e inesquecível, mil e uma histórias, amizades e acima de tudo uma abertura de espiríto para novas culturas. Desde Suécia, passando pela Dinamarca, Holanda, Espanha, Itália, aqui no Brasil em Floripa e como é óbvio rio, o que nos une, é este ano longe de casa e a partilha da nossa faculdade e nacionalidade, que com muito orgulho levamos no peito e bem enaltecidos por pertencermos a esta entidade e a este país. E entre esta “convivência” entre colegas que ficaram em Portugal e tantos outros espalhados por essa Europa fora e também aqui no Brasil, entre boas e más surpresas em relação a supostas amizades e verdadeiras amizades, uma coisa é certa, quando retornarmos a Lisboa, nada vai ser igual, seja porque, acabámos ou estamos a acabar a nossa vida estundantil, seja porque Portugal não esperou e continuou sem nós, seja por tantas e muitas outras razões. Dado a ser curioso por natureza, e porque simplesmente também gostaria de saber novidades dos meus companheiros nesta aventura, pedi a alguns deles para deixarem um apanhado aqui no meu Blog com um comentário ao lugar onde estão, algumas vivências e experiências que eles queiram compartilhar. A todos eles um forte abraço e beijinhos ( Respectivamente ). Encontramo-nos nesse histórico pequeno pedaço de terra no Globo, que é o nosso Grande e Genuíno Portugal.

Mamãe, Parabéns pra Voçê

Pois é... Dia 14 de Novembro, que já foi a alguns dias atrás, foi um dia no qual a minha querida madressita, completou mais uma Primavera. Nunca se pode dar os parabéns como uma pessoa gostaria, quando estamos a uma distância tão grande, como a do Rio a Lisboa, mas podemos sempre dar os parabéns o melhor que soubermos. Sendo assim, espero que a minha mãe tenha passado um belo dia e que já falta pouquito para o filhote voltar.

Tito e o mãos Largas do Soldado

As cerca de 9h de voo em média que separa Lisboa do Rio, não têm assustado, colegas e amigos que quiseram aproveitar e compartilhar o Rio connosco. Desta vez, a excelente companhia veio por parte do Pedro Martins “Soldado” e pelo Felipe “Tito”. Apesar do tempo menos bom que apanharam por cá, foi possível a estes colegas “redescobrirem” o Brasil, dado que não foi a primeira vez que vieram ao rio. Entre a felicidade de podermos fala com sotaque 100% português sem estar a tratar alguém por voçê, ou a carregar nos S´s e nos R´s, deu para se fazer umas praias e passar bons tempos para mais tarde recordar. Com uma casa que se virou de pernas para o ar, mas que foi mais que suficiente para albergar toda a gente, tornando esta casa sempre e cada vez mais uma casa portuguesa. Entre a Suculenta e “Empaturradora” churrascaria Palace e o mítico e conhecidíssimo Avelino da diagonal, deu para saborear algumas das mil maravilhas que o Rio têm e dar um valente passou bem, ao “pai” dos portugueses no rio. Não posso deixar de agradecer ao Soldado por nos estragar com mimos e a sua excelente descoberta de quatro rolos de papel higiênico por 1,9 Reais ( Aproximandamente 65 cêntimos de Euro). A estes cariocas por uma semana, um forte abraço e... Valeu.

Quebra de alguns “Mitos”

Ao tempo, nada nem ninguém se escapa e lá se passaram 4 meses, com muita coisa para ser falada e que não foi, por este ou por outro motivo. Muitas aventuras, ao jeito de um Huckleberry Finn, vivências, dificuldades e acima de tudo a formação de um carácter e de uma pessoa. Para quebra de alguns “mitos” tal como falo no meu título, começo por falar, que o Brasil têm “apenas” uma vez e meia o tamanho da Europa, o que se resume a um terrenozito de cerca de 8550 mil km2. O Brasil, pelo menos a parte que eu conheci até agora, os bens essenciais não são, seja em que estado for, mais caros que em Portugal. Mas para quebrar aqui a ideia generalizada do português que cá “oferecem” as coisas, não é bem assim, pois nos estados mais pobres e locais rústicos e de praias como Fortaleza, Natal, Pipa, Porto de Galinhas... entre outros, nestes lugares, são realmente deveras apelativos, ao bolso de um português comum, face á nossa moeda actual o Euro, mas o Rio de Janeiro como lugares tais como Ipanema, Leblon e Copacabana os preços são substancialmente mais altos. Além do mais, o que se passa por vezes, é o que chamei de “sindrome de o barato se faz caro”, pois, apesar de um jantar ou uma peça de roupa serem comparativamente mais baratas, nem todos os dias andamos a comprar tais coisas. E estar a viver no Brasil e pensar em Euros é um erro a que uma pessoa acaba por se habituar, pois rapidamente percebemos que se pode fazer por vezes uma gracinha e fazer um outro gasto, mas nada é dado e afinal, em Roma... se Romano...

segunda-feira, novembro 08, 2004

Passados 3 meses, um balanço do Rio

É engraçado, mas já se passaram cerca de 3 meses e quase que nem dei por isso, noutro dia que me estava a dirigir para a PUC, achei piada ao facto da forma como uma pessoa consegue transformar uma metrópole numa vilazita. O que antes era uma cidade grande e assustadora, tornou-se agora num local bem mais pequeno e conhecido. Têm uma certa graça, passar pela primeira vez pela rua que me leva á faculdade e achar cada passo uma nova aventura e uma nova descoberta, agora começo a reparar nos pormenores ao longo desse mesmo caminho, aquele buraco ou aquele desenho. Tenho consciência que o Rio fará parte de mim para o resto da minha vida e como estou bastante seguro que esta não vai ser a minha casa, não deixa de ser estranho, que apesar de estar cá, já começo a olhar de forma nostálgica e saudosa para esta cidade. Ainda longe de conhecer todos os 1000 encantos do rio, já me deixei encantar á muito tempo e concerteza que vou ter as maiores saudades deste mundo quando for embora daqui. Entre desilusões e fascínios, se for possível fazer um balanço, diria que a balança está completamente a tender para o lado positivo. Esta experiência têm-me permitido crescer em vários níveis, desde o ter que me virar sozinho, a aprender a conviver com “desconhecidos” em casa e até a nível humano vejo as coisas de forma bem diferente. Está a ser sem dúvida das melhores, maiores e mais intensas experiências da minha vida.
Continuo a achar que o Rio ainda têm muito para oferecer, só tenho pena que não tenho tido o tempo que queria ter, mas vou tentar viver ao máximo esta experiência, afinal foram 3 meses e nem dei por isso.
Entre as coisas menos boas, tenho que apontar a dificuldade que tive em abrir cá conta porque os bancos estavam em greve, e depois as duas horas que estive á espera que tive para ser atendido no banco, a única coisa positiva no banco, foi que fiquei a ser conhecido pelo gerente e ele próprio se disponibilizou para sempre que precisar de tratar alguma coisa no banco me dirigir a ele e que nunca mais esperaria na fila, a ver vamos. Depois deste “breve” balanço,não posso deixar de referir um assunto que nunca falei, a condução do carioca, Bem estes gajos ....

Feliz aniversário á minha 'Sis'

As distâncias, têm destas coisas, os aniversários e momentos importantes da vida de familiares e amigos, temos que os viver de forma diferente e comemorar e viver numa forma bem particular. Como tenho aproveitado para assinalar os aniversários de pessoas amigas e familiares, concerteza que não puderia deixar passar o aniversário da minha manita, que já conta com algumas “primaveras” ... Não sei como é que ela conseguiu festejar o aniversário longe do seu querido e adorável mano, mas acredito que muito dificilmente e num estado completamente nostálgico. Bom, como não podia deixar de ser, Feliz aniversário á minha irmã e que os anos a seguir sejam sempre bem vividos e sempre melhores que os anteriores. Parabéns, feliz aniversário e uma beijoka enorme do teu bro.

E depois da francesinha... Um canadiano

Das trocas de casa e de companheiros de casa, desta vez não vamos ter nenhum françês, mas sim um Canadiano... da parte francesa, o Simon Boisjoly. Até este momento encontrava-se a morar numa casa de familia brasileira e dado que somos colegas na cadeira de Projecto de Sistemas Térmicos e tomou conhecimento que precisávamos de novo alguém para partilhar a casa, acabámos por aceitar a partilha da casa com ele. A francesinha é que já era, apesar de não ter sido propriamente das pessoas mais “organizadas” certamente conquistou-nos com a simpatia dela. Mas a PUC não é assim tão grande e concerteza que nos iremos cruzar de novo. Quanto ao Simon, pelo menos até agora parece ser boa pessoa e bem disposto, se iremos nos entender? Mais uma vez só o tempo o dirá.
De resto estes últimos dias apesar de quentes têm sido bastante chuvosos, deixando um fim de semana de autêntico Inverno, sem o frio claro. O mais engraçado é que entrou agora o Verão e nós ansiosos por bom tempo, tirando dois dias de temperaturas a rondar os 38 º estes dias têm deixado muito a desejar.

El Cornacho no Rio

Pois é, amigo Duarte, também não puderia deixar de referir a tua passagem em “sempre” boa hora por estas terras. Recebemos o nosso colega e amigo de aventuras estundantis em terras Brasileiras, a mais de 1000 km do Rio, na cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina. E é sempre bom dar aquele abraço valente, aquela cara que já não víamos á tanto tempo. Sem dúvida alguma, que só compreende quem cá está, que estes abraços e o convivio com aquela outra pessoa, sabe de forma bem diferente. Também ele, penso que ficou marcado por esta cidade, atrevendo-me mesmo a dizer, que teve uma das melhores semanas da vida dele, a mim só me agrada poder dizer isto, porque estou a gostar tanto desta cidade, que já me sinto parte dela e gostamos sempre que as pessoas gostem das mesmas coisas que nos dizem alguma coisa. Das aventuras e desventuras por cá tivémos, só sabe é a pouco, entre tempos bem passados a histórias para mais tarde recordar, em boa hora este alentejano de Montemor, aterrou em nossa casa, para partilha de vivências e sentimentos comuns. E esta já casa portuguesa, À CONCERTEZA, está sempre á disponibilidade. Tal como o Duarte, anseio por receber todos os amigos que quiserem partilhar connosco aqui no Rio, a nossa cruzada. Só me resta despedir com aquele abraço e dizer... Mi Casa es su Casa.

Escrever por escrever

Por vezes é dificil elaborar um texto que consiga aproximar sensações, sentimentos, imagens e vivências numa forma que sejam o máximo fieis ás mesmas que se passam no meu dia a dia, e por essas mesmas razão, aguarda-se sempre um momento em que se tenha umas palavras mais acertadas e que jorrem duma inspiração que por vezes demora a aparecer. Estes motivos, levam-me a esquecer episódios e aventuras que tenho vivido ao longo destes 3 meses e picos. Dado que hoje achei que não seria nem tarde nem cedo para escrever mais umas palavrinhas para o meu Blog, com ou sem inspiração, vou aproveitar para descrever este Luso disfarçado, por vezes, de carioca na intitulada cidade maravilhosa.
Sem dúvida alguma esta cidade é maravilhosa, e quanto a mim, é necessário viver nela para se compreender, onde reside a sua essência e o seu espiríto. Com esta vivência que tenho tido, só se quer mais, e ter esta idade durante 100 anos e experimentar viver em outras 100 cidades. Dado que tal não é possível, agora digo sem qualquer tipo de arrogância ou de exaltar a minha experiência, que acho bem dificil alguém conseguir encontrar melhor cidade, para se terminar um curso de Engenharia mecânica da melhor faculdade de Engenharia de Portugal, o Instituto Superior Técnico, crescer e poder viver experiências únicas depois de uma longa batalha, que espero que termine (e á de terminar) quando acabar a minha experiência aqui no rio.
Mesmo com o descrédito e desconhecimento das faculdades Brasileiras, que os Europeus têm, só tenho a referir, tal como alguns professores das melhores universidades á volta do mundo, que tive o prazer de conhecer em Porto Alegre, o Brasil é sem dúvida uma agradável surpresa, e qui ça um dia tornar-se uma grande potência. É reconhecido, os enormes e vastos recursos que este país descoberto por Pedro Alvares Cabral, á mais de 500 anos atrás têm, e onde se reconhece uma falha no sistema organizacional e na falta de vontade que os interesses dos “culpados do costume” insistem em retardar a evolução deste país. Porque haveria de ser diferente no Brasil agora que os mais ricos quisessem dar oportunidade aos mais pobres, o mundo é feito de interesses, e compreendemos tal situação, pois lidamos com ela no dia a dia.
Mas como deve ser do senso comum que impera nas nossas cabeças, o Brasil têm do melhor e do pior, mas de politica e de males do mundo, deixarei para uma outra oportunidade e aproveitar para falar do que não me deixa de encantar, o rio de janeiro, cidade, e a sua gente, os cariocas.
Apesar de existir a diferença entre o rico e o pobre, o que realmente sinto é que o carioca, não é definido por bens materiais e não procura exibir uma distinção clara entre classes. A aproximação e a informalidade que se faz sentir no dia a dia, deixa-nos num estado de descontracção, querer viver em Carpe Diem e empolgar a famosa frase: “ A vida são dois dias e o Carnaval são três”.
Compreende-se então esta forma de ser, e esta alegria no dia a dia, deixando para trás os problemas do quotidiano, e enfrentar a vida por vezes madrasta, num clima de que amanhã será melhor e mais vale um sorriso no rosto e logo se vê do que uma preocupação de tal tamanho que se torna dificil de aproveitar as coisas simples da vida. E para mim, só tenho a sublinhar, que realmente as melhores coisas da vida são grátis. Sem dúvida que hoje o dinheiro compra tudo, mas ganhar amigos, ganhar principios e ganhar uma vida, têm bem mais valor que algo “comprado” com bens materiais. Esta convivência e esta relação humana, enaltece o espirito e convida-nos a não esqueçer que estamos cá para viver, aprender com erros e não morrermos com eles. E se me permitem este estado de nirvana, passo a citar as minhas palavras com a vivência que tenho tido: “Viver o mais cedo e intensamente que pudermos viver e morrer o mais tarde e vagorasamente que nos deixarem” Gonçalo Lopes