quinta-feira, agosto 05, 2004

O Primeiro contacto com o Brasil

Depois de uma viagem cansativa e longa, chegamos a São Paulo, para fazer escala para o Rio. O aeroporto, com aspecto de parte dele estar em construção, demonstra-se impessoal e tristonho. No seu toque frio, neste circulam pessoas de expressão cansada e sem vontade de comunicar, tal expressão de almas penadas.
Num misto de culturas e num âmbito bem internacional, adivinham-se nacionalidades e comentam-se as diferenças culturais. A chamada para o avião, revelasse em hora tardia e atrasada, finalmente vamos para o Rio.




03-08-2004

"A Preparação"

Os últimos dias em Lisboa foram uma correria, nem tão pouco me vejo a acordar numa cama diferente que a do meu quarto, a privacidade, a aventura e a novidade ainda não tomaram qualquer tipo de parte no meu pensamento, as despedidas por vezes têm momentos que quase se sente que se vai deixar amigos e família para trás durante uns bons meses. É forte o desejo de ficar, mas a curiosidade, o desejo de aventura e a oportunidade de uma vida está preparada e a poucos dias, horas, momentos.
Os últimos abraços, pesam nos braços, que por vezes já se sentem saudosos. Respira-se um misto de incredualidade dos tempos vindouros e do presente. Misturam-se sensações difíceis de viver e quase de uma forma atordoada, começa-se a ver um local que afinal já não parece tão longe.
Resolve-se os últimos problemas burocráticos, descortina-se planos e estabelece-se metas para uma rápida integração.
Com o auxílio do telefone, dá-se as boas aos mais desatentos e apesar de sempre se pensar numa forma e esperar ter um tempo para nos despedirmos desta ou daquela pessoa, tudo cai por terra limitando-me ás pessoas mais importantes e as mais chegadas nos últimos tempos.
Na faculdade, entre amigos respira-se o espiríto de Erasmus, estabelece-se as últimas apostas, imaginam-se aventuras e adivinha-se o futuro. Todos os planos que se pensam, resultam numa equação com demasiadas equações e com ainda mais incógnitas. Será que volto, como volto, como será se voltar.
Planos de uma vida parecem fragilizados com tal solução para esta equação tão complexa, as perguntas do será que estou a fazer bem surgem á medida que se aproxima o dia, as famosas festas de Erasmus e toda experiência que se ouviu deste ou de outro, passam para outro plano quando se começa a sentir que esta é a nossa casa onde estão as nossas raízes e quem nos quer bem. Tal como este texto rapidamente chega a noite da véspera do vôo, uma noite em branco a empacotar e a rectificar a mala, acaba com as
insónias com a companhia do nosso melhor amigo que também ele atravessa tempos difiçeis.

04-08-2004
"O amanhecer de uma aventura"

Com uma hora de sono e várias malas para colocar a caminho, começa a parte que talvez mais pese nas pessoas que gostam de nós, sempre me vou e irá ser hoje. Os últimos conselhos de um pai já saudoso, de uma mãe preocupada e uma irmã incentivadora, resultam no espirito duma familía que vê o seu filho mais novo ainda num estado de indiferença e sem perceber bem o que se está a passar.
Numa despedida relâmpago, despeço-me do meu pai, de forma a não pesar e de forma a ficar acentuado um até breve,despedimo-nos rapidamente e saudosamente. A despedida da minha irmã resulta duma forma muito mais relaxada, dada a facilidade que a minha irmã se mostrou disponível em dar todas as informações que se passam em Portugal e não ter nenhum problema em me chatear o "cachimbo".
Levo o meu canito, para uma volta de despedida, as últimas festas no meu Ace, que por vezes até parece se aperceber do que se está a passar e se mostra bem carinhoso. Começa-se a colocar as malas para evitar atrasos e é quando chega o companheiro de viagem, de aventura e de partilha da nossa língua materna sem sotaque (apesar de por vezes não perceber o que ele diz).
Faço a despedida a uma mãe que todas as forças tenta não largar nenhuma lágrima e mostrar que foi uma escolha acertada e que assim nada custa. Vários beijos maternos encerram a despedida familiar.
Despeço-me do meu quarto, da minha casa onde vivo á 15 anos, do bairro... A caminho da casa do André brinca-se com a situação,partilhando estes sentimentos e a discutir-se como foi a minha despedida e como será a despedida dele.
O André numa forma máscula e na sua verdadeira postura de "homem não chora" realiza verdadeiras operações de policia especial na sua despedida, entrando, resgatando os reféns e matando ali tudo e todos.
Feitas as despedidas,começamos a pouco e pouco a despedir da nossa cidade, ao chegar ao aeroporto, não se sente nenhum sentimento em particular. Os últimos momentos em Lisboa, servem para nos despedirmos do pai do Bola, e de um amigo do pai do Bola. Na zona da free shop e já á espera de partir, realizam-se os últimos telefonemas e ainda dá tempo para falar e enviar a mensagem aquela pessoa bem especial. Cumprindo os procedimentos normais de um vôo, entramos então no avião. Acomodamo-nos para a longa viagem pela frente, sem dar conta, ouvimos o nome do comandante e numa rápida descolagem, começamos a subir e a afastar de Lisboa, de Portugal...